Na
quarta-feira passada (29/1), durante sessão extraordinária do Conselho Seccional da OAB
Maranhão, outra medida em busca de solução aos problemas do sistema carcerário
brasileiro foi tomada.
A
reunião, que contou com a participação do presidente nacional da entidade,
Marcus Vinicius Furtado Coêlho, do vice, Claudio Lamachia e do presidente da
Comissão Nacional de Direitos Humanos, Wadyh Damous, definiu o ingresso da
entidade com uma Ação Civil Pública, contra o Estado do Maranhão.
Ações
semelhantes têm sido adotadas por outras seccionais, que baseadas nas vistorias
realizadas pela entidade, buscam que medidas sejam tomadas pelo judiciário para
que a gestão das penitenciárias seja adequada à necessidade de ressocialização
dos presos.
Conforme
explicou Marcus Vinicius, “a OAB fará um acompanhamento permanente, abrindo
pastas para cada presídio e cada obra de penitenciária em andamento no país,
para cobrar providências dos órgãos estatais, na qualidade da gestão e no
compromisso com os fundamentos da Lei de Execuções Penais”.
“O
sistema carcerário brasileiro é uma tragédia, que vem contribuindo com o
aumento da criminalidade em nosso país. É uma verdadeira universidade do crime.
A reincidência é extremamente elevada. A superlotação carcerária impede
qualquer tipo de política real de ressocialização”, justificou o presidente
nacional da OAB.
O
dirigente afirmou, ainda que “não há como implementar políticas que façam com
que os presos estudem e aprendam uma nova profissão, nem se brutalizem, em
condições sub-humanas como as que vemos hoje”. Segundo o
presidente da seccional maranhense, Mário Macieira, dentre as medidas
requeridas na ação estão: a realização de concurso público para agente
penitenciário, construção e reforma de presídios no estado e separação de
presos definitivos e provisórios.
"Algumas
das medidas estão em andamento, mas queremos reforçar sua importância. Não
podemos deixar que as coisas continuem como estavam quando da crise. Precisa
haver mudança", disse Macieira.
Claudio
Lamachia, lembrou que o quadro carcerário brasileiro é caótico. “Os presídios
são escolas do crime. Os presos saem mais perigosos do que quando entraram. O
índice de reincidência em alguns presídios, como, por exemplo, o Central de
Porto Alegre beira os 80%”.
“Precisamos
de presídios menores, descentralizados, para que o controle do Estado seja mais
efetivo. Sabemos que a violência aumenta quando se perde o controle para as
facções criminosas, e é por aí que começa a solução para este problema. A OAB
está preocupada com os direitos humanos dos presos, mas principalmente com o
direto dos demais cidadãos. No sistema prisional atual não se investe na
ressocialização, e isso abre flanco para que a violência nas ruas aumente”,
ressaltou Lamachia.
Wadyh
Damous disse que “o quadro carcerário brasileiro remonta a idade média”, que
destacou ainda que o problema é histórico e precisa ser resolvido com urgência.
De acordo
com ele “o Estado é responsável pela proteção das vítimas dentro e fora das
penitenciárias. A indenização às vitimas desta barbárie precisa ser feita”.
A reunião
que lotou o auditório da seccional maranhense contou também com a presença dos
presidentes das seccionais de Minas Gerais, Luis Claudio da Silva Chaves, do
Amapá, Paulo Henrique Campelo Barbosa, de Pernambuco, Pedro Henrique Braga
Reynaldo Alves, do Piauí, Willian Guimarães Santos de Carvalho e do Rio Grande
do Norte, Sérgio Eduardo da Costa Freire, secretários de estados e dirigentes
de entidades ligadas à justiça e segurança pública.
Providências
junto a ONU
No dia 22
de janeiro a OAB requereu ao Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organizações
das Nações Unidas), em Genebra, na Suíça, no qual pede à entidade que cobre
providências do Brasil em relação aos presídios do Maranhão e do Rio Grande do
Sul.
O
conselho tem o poder de recomendar punições a seus países integrantes quando
verificados casos de violação aos direitos humanos. No começo do mês, o
Alto-Comissariado de Direitos Humanos da ONU alertou estar
"preocupado" com a situação do Complexo Penitenciário de Pedrinhas,
em São Luís, onde 64 presos foram assassinados no último ano.
Controle
permanente
No dia 4
de fevereiro será empossada a Coordenação de Acompanhamento do Sistema
Carcerário, formada por Conselheiros de todos os Estados e do Distrito Federal.
A coordenação será presidida por Adilson Geraldo Rocha, de Minas Gerais, com
Márcio Vitor Meyer de Albuquerque (CE) como vice-presidente e Umberto Luiz
Borges D’Urso (SP) como secretário. "Esse grupo de trabalho será
responsável pelo monitoramento permanente dos presídios brasileiros",
destacou o presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho.
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