sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Após secar 220 mil folhas, Fórum se torna digital

A Justiça voltou ao normal em São Luís do Paraitinga. Engolido pela água e pelo barro na enchente de janeiro, o Fórum da cidade termina na próxima semana a digitalização das 220 mil folhas dos 2,1 mil processos. O trabalho de recuperação dos documentos conseguiu salvar 80% dos volumes - os demais devem se refeitos até setembro.

Símbolo da volta ao normal é o fato de no dia 16 os prazos processuais terem sido restabelecidos. Assim, as partes dos processos voltaram a poder receber intimação por meio do Diário Oficial. Com o trabalho de tornar digital os processos, o Fórum de Paraitinga se tornou o primeiro do Estado a ter tanto os casos novos quanto os antigos disponíveis para consulta na internet.

Durante a enchente, as águas chegaram até quase o teto do segundo andar do prédio. Os processos mais finos se desmancharam na água e no lodo. Os mais volumosos se salvaram graças à intervenção rápida comandada pela diretora, a juíza Renata Martins de Carvalho Alves.

Seguindo instruções de um funcionário do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a magistrada começou o trabalho de salvar os autos antes de os papéis secarem e se tornarem uma pasta com o barro. "Lavamos tudo folha por folha, retiramos o barro e depois secamos tudo em varais estendidos no plenário do Júri. Por fim, usamos secadores de cabelo e tiramos cópia de tudo", contou a juíza.

Os 38 funcionários do Fórum e a magistrada participaram do mutirão. O prédio local, que tem uma única vara que atende a todo tipo de caso, ficou fechado até julho. Enquanto os processos eram reconstruídos e o prédio reformado, a Justiça funcionou em dois trailers. "Conseguimos salvar todos os processos importantes. Essa foi uma experiência única no Brasil", afirmou a magistrada.

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